DEUS DE COMPROMISSO
- Ivis Fernandes
- 29 de nov. de 2020
- 7 min de leitura
Então Jesus saiu dali e foi para a região da Judéia e para o outro lado do Jordão. Novamente uma multidão veio a ele e, segundo o seu costume, ele a ensinava. Alguns fariseus aproximaram-se dele para pô-lo à prova, perguntando: "É permitido ao homem divorciar-se de sua mulher? " "O que Moisés lhes ordenou? ", perguntou ele. Eles disseram: "Moisés permitiu que o homem desse uma certidão de divórcio e a mandasse embora". Respondeu Jesus: "Moisés escreveu essa lei por causa da dureza de coração de vocês. Mas no princípio da criação Deus ‘os fez homem e mulher’. ‘Por esta razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne’. Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém o separe".
Quando estava em casa novamente, os discípulos interrogaram Jesus sobre o mesmo assunto. Ele respondeu: "Todo aquele que se divorciar de sua mulher e se casar com outra mulher, estará cometendo adultério contra ela. E se ela se divorciar de seu marido e se casar com outro homem, estará cometendo adultério".
Mc 10:1-12
A palavra compromisso não é popular em nossos dias pois transmite ideia de obrigação e dever. Isto limita a liberdade e as pessoas gostam de ser livres, não é agradável de se falar em nossos dias. Ainda assim, assumimos vários tipos de compromisso, quando compramos uma casa, quando os pais matriculam seus filhos em uma escola, existem até compromissos informais como amizade ou um filho.
Pessoas não gostam dos deveres mas gostam dos benefícios do compromisso. Queremos ter nossa casa mas não queremos pagar suas prestações, queremos casar e ter o prazer de uma pessoa ao nosso lado mas não queremos os compromissos, as conversas difíceis e as dificuldades de um relacionamento. Nosso coração pecador age desta forma, por isso a palavra de Deus fala da importância do compromisso do casamento. Mais do que um compromisso com o cônjuge, a Bíblia mostra a importância de um compromisso com Deus primeiramente e este compromisso se desdobra no compromisso do casamento. Jesus nos ensina que o discípulo comprometido mostra este compromisso em seu casamento.
O Evangelho mostra várias vezes o padrão do Reino. O discípulo comprometido demonstra humildade e atitude de servo, é dependente de Deus e radical em relação ao pecado. O compromisso com o Reino se revela em atitudes do cotidiano como no relacionamento, conforme os versículos acima.
No versículo 2, os fariseus queriam por Jesus à prova. Naquela época, havia duas correntes mais comuns acerca do divórcio: uma parte defendia o divórcio em situações pecaminosas extremas. Outra parte dizia que poderia haver em qualquer situação e muitos fariseus concordavam com isso. Eles se justificavam através de uma interpretação distorcida da lei e se consideravam justos em agir desta forma. Esta é uma prática muito comum do mundo. Este quer destruir o padrão cristão do casamento pois eles querem justificar suas atitudes: fornicação, adultério e homossexualismo. Se existe um padrão que condena estas práticas, vamos destruir estes padrões para que estas verdades se encaixem em nosso estilo de vida.
O discípulo comprometido muda sua vida para se encaixar nesta verdade e não o contrário. Imagine um casal em uma crise, o marido chega à conclusão que não há mais sentimento em relação a sua mulher. Ele chega em casa e sua esposa está desarrumada, correndo atrás de seus filhos e ele lembra de sua colega de trabalho alinhada todos os dias. Surge em seu coração um desejo por esta colega. A tentação deste homem é de buscar, em versículos bíblicos ou em um pastor, justificativas para aquilo que ele deseja em seu coração. O discípulo comprometido não faz isso, ele obedece à verdade.
De que forma os fariseus distorciam a verdade? Nos versículos de 3 a 5, eles destacaram a exceção e transformando-a em regra. Diziam que o divórcio era vontade de Deus, baseados em Deuteronômio 24:1.
Se um homem se casar com uma mulher e depois não a quiser mais por encontrar nela algo que ele reprova, dará certidão de divórcio à mulher e a mandará embora. Dt 24:1
Se olharmos o texto e seu contexto, isto é uma regulamentação sobre algo que era muito comum na época, pois viveram 400 anos sob um governo pagão. O que Deus fez com esta lei não era permitir o divórcio, tão somente é regulamentar algo que eles já faziam com duas intenções principais. A primeira delas é proteger a mulher e a segunda era restringir o divórcio e não liberá-lo. Com esta lei, Deus queria proteger a esposa. A prática era o marido mandar embora a esposa na calada da noite, expondo a mulher a uma situação humilhante e extremamente difícil, separando-a da família e muitas vezes seus pais não a recebiam de volta. A lei diz que o marido deve redigir uma carta de divórcio e entregar à mulher. Com isso, ele estaria protegendo a mulher. Ela não abandonou a família ou cometeu algo errado, ela poderia se explicar perante os outros pois teria este documento. A segunda intenção era restringir e não liberar o divórcio. O ato não poderia ser realizado mais de modo escondido, mas sim com um documento redigido na presença de testemunhas. Além disso, alguns estudiosos acreditam que, por conta desta resolução, o dote dado pela família ao marido deveria ser devolvido à família da mulher divorciada. Perceba que a lei quer restringir o divórcio. Os fariseus transformam esta prática em regra, como se fosse a vontade de Deus, distorcendo a verdade para continuar no pecado.
Alguns exemplos práticos semelhantes que acontecem hoje: quando o apóstolo Paulo ensinava à igreja de Roma sobre a salvação pela graça, os romanos pensavam que poderiam continuar pecando pois quando existe muito pecado, manifesta ainda mais a graça de Deus; Paulo então, os advertiu. Existem aqueles que concordam que Deus não existe e alguns ateus insistem em comprovar para si e para outras pessoas que Deus não existe. O que está por trás de atitudes como estas? A de justificar seus pecados pois se Deus não existe, não preciso prestar contas de coisas que faço. Outros que acreditam que todos serão salvos, mesmo sem passar por Cristo.
Jesus corrige os fariseus nos versículos de 6 a 9. Ele tirou a atenção da exceção e focando na regra, restabeleu o padrão. O verbo unir no grego está na voz passiva (aquele que sofre a ação), portanto o sentido original não é o homem se unirá a sua mulher, e sim o homem será unido a sua mulher. Se não é o homem que pratica a ação de unir (pois o verbo está na voz passiva), quem comete a ação de unir? No versículo 9 diz: portanto, o que Deus uniu...
A palavra nos mostra que quando o homem e uma mulher assumem o compromisso do casamento, Deus sela esta união de forma que dois se formam um.
Como o mundo pensa a respeito do casamento e do divórcio? O casamento é uma união, fruto da vontade do homem e da mulher. Se eles quiserem se desfazer deste compromisso, eles podem pois o relacionamento está baseado em suas vontades. Este raciocínio faz sentido mas existe um problema: a palavra de Deus nos ensina que o casamento não é meramente uma vontade do homem e da mulher. Não digo que a vontade dos dois não importa, pelo contrário. O homem e a mulher decidem livremente se unir e Deus sela esta união, de tal forma que dois são uma só carne.
Qual é o padrão de Deus para o casamento? A permanência. Esta é a vontade de Deus desde o princípio. E como isto se aplica para o jovem cristão? Se aplica na preparação para o relacionamento, para sua escolha. Divórcio não é uma opção que o jovem pode contar, o mesmo deve perceber o quanto é sério o casamento, o critério para a escolha deve ser mais profundo para que o casamento permaneça. Se seu namorado não quer orar com você, não quer ler a Bíblia com você e só quer apalpar e beijar, fale para ele o mesmo que Cristo disse a Pedro: afasta de mim, Satanás. Se você se une a alguém que ama ao Senhor e está disposto a crescer e se arrepender, vocês irão se aperfeiçoar juntos.
No versículo 2, os fariseus interrogaram Jesus com objetivo de criar uma armadilha. No versículo 10, vemos os discípulos interrogando o Mestre o mesmo assunto mas com intuito de aprender mais. Existem duas atitudes aqui: a intenção de conhecer o assunto com disposição de entender o que Deus diz e a aproximação deste mesmo assunto mas com desejos anteriores que queremos justificar, para adequar a lei às vontades. Qual é sua atitude?
Nos versículos 11 e 12, Jesus destaca a consequência da não permanência. Ele declara que quem insiste em se divorciar e se casar com outra pessoa, comete adultério pois o que Deus uniu, o homem não pode separar. Lembre-se daquilo que Jesus fala: aquele que quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga. Ser discípulo exige compromisso em várias áreas da vida. Devemos conhecer o padrão de Deus e obedecer, mesmo sendo difícil. Existe alegria e satisfação em Deus ao obedecer a sua vontade.
1. Mude sua vida para ajustar-se à vontade de Deus.
2. Se você não entende o que a Bíblia diz sobre o assunto, procure conhece a vontade de Deus com disposição de obedecer.
3. A maneira como você trata o casamento reflete em seu compromisso com o Reino.
Compromisso é o padrão de Deus para nós. A vontade Dele é sempre a melhor. O próprio Deus fez uma aliança conosco que custou extremamente cara pois custou a vida de Jesus. Ele sabe o que é pagar preço para assumir compromisso. Ele pode nos ajudar e capacitar a assumir compromissos até o fim.
Talvez você possa pensar: já me divorciei e agora? Ou me divorciei e casei de novo, e agora? Se você se divorciou, Paulo diz em 1Co7: reconcilie-se com seu marido ou permaneça sem se casar. E se eu já me casei? A Bíblia diz que nosso Deus é Deus de graça. Se eu me separei, casei de novo, entendi que o que fiz é errado, me arrependi e pedi perdão ao Senhor, Ele é um Deus de graça e que perdoa. Em nenhum momento da Bíblia, Deus orienta em consertar o erro do passado, rompendo com sua atual família. Então, arrependa-se e peça perdão a Deus. Ele é gracioso para perdoar e abençoar esta nova união. Entregue esta nova família ao Senhor, e Ele em sua graça pode ajudá-lo nesta nova união.








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